quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Boni admite manipulação da Globo nas Eleições de 1989

Boni (esq.), em entrevista à Globo News

O programa Dossiê da Globo News trouxe o diretor de televisão Boni, que falou sobre fatos a respeito da Globo. Dentre eles, a suposta manipulação do debate entre os candidatos Lula e Collor, em 1989. A entrevista concedida ao jornalista Geneton Moraes Neto foi exibida no dia 26 de novembro.

Durante a conversa, o ex-vice-presidente de operações da Globo admitiu que ajudou Collor no último debate com Luís Inácio Lula da Silva, atendendo a um pedido do então superintendente executivo da emissora, Miguel Pires Gonçalves. Boni afirma que tudo foi produzido, inclusive o suor do candidato alagoano. “Conseguimos tirar a gravata do Collor, colocar um pouco de suor com glicerinazinha, e colocar as pastas todas que estavam ali, com supostas denúncias contra o Lula. Essas pastas estavam inteiramente vazias, com papéis em branco. Foi uma maneira de melhorar a postura do Collor junto ao espectador, pra ficar em pé de igualdade com a popularidade do Lula”.

Em sua autobiografia recém-lançada, “O Livro do Boni”, o diretor fala sobre o episódio do ponto de vista da edição e relembra que a iniciativa de favorecer Collor nos trechos do debate exibidos no “Jornal Nacional”, partiu de Roberto Marinho. “Não havia necessidade de reforçar a posição de Collor. A edição do Jornal Hoje, no dia seguinte, dava igualdade aos candidatos, o que não correspondia à realidade. Dr. Roberto não se satisfez e mandou fazer uma nova edição para o JN. Tenho para mim que foram mais realistas que o rei e favoreceram exageradamente o Collor. Inútil, visto que o debate havia registrado 66% no pool de emissoras e o JN registrou 61%, o que não mudaria a opinião de quem o tivesse assistido na íntegra.” Boni ainda completa afirmando que desde então a Globo resolveu adotar a política de não mais editar os debates. No entanto, antes do debate válido pelo 2º turno, os resultados das pesquisas eleitorais apontavam para leve vantagem a favor de Lula, que estava em ascensão.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o ex-presidente Fernando Collor de Melo contestou as declarações sobre ter recebido auxílio em sua campanha. Mas, não negou os contatos que mantinha com Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo na época: “Nunca pedi a ninguém para falar com o Boni, meu contato era direto com o Dr. Roberto.”

Segundo o atual diretor da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, a ajuda recebida por Collor “foi uma iniciativa do Boni, como cidadão, mesmo que com o consentimento de Roberto Marinho.”

Fontes: colunistas.ig.com.br
            g1.globo.com

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