Para Herschmann, existe pouca discussão acadêmica sobre o entretenimento, que precisa ser melhor analisado no campo da comunicação, pois é um conceito importante para pensar a sociedade atual.
“Não é uma questão de você entrar ou sair do mundo do espetáculo; gostemos ou não, vivemos num mundo espetacularizado. A gente projeta a vida na vida de ídolos, nossa própria identidade é formada nisso”, diz.
Estudos de caso de interatividade espetacularizada tais como os dedicados a avaliar as dinâmicas de videogames, blogs, redes sociais e reality shows evidenciam que o entretenimento é mesmo um traço que caracteriza a sociedade contemporânea, mas que não necessariamente reflete aspectos negativos.
“Durante muito tempo, na ideia frankfurtiana, se pensava o entretenimento como estratégia de manobra das grandes empresas, uma forma de alienação, de entorpecer a sociedade. Mas as pessoas querem o entretenimento como fruição, fuga, escapismo. É importante para aguentar essa vida de hoje. Foge-se da ideia de que é uma coisa ruim; mesmo o processo educativo pode ser feito pelo entretenimento”, afirma.
Em relação à música, Herschmann explica que o tema já está no mundo acadêmico, tanto que durante o Congresso Nacional de 2011, em Recife, apenas uma mesa redonda sobre o assunto atraiu 100 pessoas para audiência.
Mas ainda há espaço. O GP reúne pesquisadores que trabalham com a comunicação e a música em questões identitárias, de ordem econômica, social e política.
Comunicação e censura
A professora Maria Cristina Castilho Costa, que coordena o Arquivo Miroel Silveira, da USP, começou a pesquisar a censura ao teatro em 2000.
“São mais de 6 mil processos de censura prévia ao teatro em São Paulo entre 1930-1970. O material, levado à ECA (Escola de Comunicação e Artes da
USP) pelo professor Miroel, que era um homem de teatro, é de uma riqueza incrível”, explica Cristina.
Depois de oito anos estudando com colegas a censura especificamente ao teatro, o trabalho foi expandido para outras áreas, como o cinema. Em 2009, foi criado o Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Censura da USP, que para a Intercom virou GP.
São mais de 25 pessoas analisando a censura à Comunicação e à Arte. O objetivo é mudar o senso comum de que a restrição prejudica apenas o artista e não a toda a sociedade.
Segundo Cristina, atualmente a censura não é feita por um órgão de Estado, mas existe através de classificação etária, de leis de incentivo, pela questão econômica e até pelo Poder Judiciário.
“Hoje, é difícil um grupo de teatro montar uma peça sem um apoio. Mesmo começar um ensaio”, comenta. Ela acredita que o controle existe com apoio da opinião pública, em um ambiente de muita ambiguidade.
“As pessoas por um lado demonstram ser a favor da liberdade de expressão, mas querem uma regulação, pois sabem que os meios de comunicação manipulam, seguem seus interesses.Se os meios de regulação forem feitos de forma democrática, terão melhor aceitação. As pessoas não são favoráveis à intervenção do Estado, mas na prática, em última instância, sim”, afirma.
Fonte: Intercom
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