Texto: Fernanda Almeida
Fotos: Arthur Tietze e Laura Pascotin
Os cursos de Comunicação Social e Ciência Política promoveram, na noite de terça, 18/05, a Aula Magna de 2010/1, que teve como tema Do santinho ao Twitter, novas alternativas de comunicação para campanhas eleitorais . A Aula contou com a presença de três convidados, que comentaram a evolução da propaganda política e a influência dos veículos de comunicação nesse processo evolutivo.
Foto: Arthur Tietze
O professor Paulo Moura apresentou os palestrantes aos alunos e professores da plateia: Francisco Ferraz, consultor político e estrategista de campanhas eleitorais; a jornalista Civa Silveira e o desembargador aposentado Nylson Paim de Abreu, ex Juiz do Pleno do TRE/RS, que presidiu o TRF/4º Região.
O desembargador Nylson Paim de Abreu e a jornalista Civa Silveira - Foto: Laura Pascotin
O próximo a tomar a palavra foi Nylson Paim de Abreu. Ele se interessa por política desde os 16 anos, vivendo desde então os bons e maus momentos na política. Ele relembra que, na época, os santinhos chegavam a ser emoldurados e colocados na parede das casas. Nylson afirmou que “a pior democracia ainda é melhor do que a melhor ditadura”, pois graças ao regime democrático, hoje temos o direito de expressão, podemos discutir temas polêmicos e exercer nossa cidadania.
Após as declarações de Nylson Paim, foi a vez do consultor Francisco Ferraz iniciar sua palestra, falando sobre as mudanças que alteraram a forma da comunicação na política, a busca de votos. As principais mudanças vieram com a evolução dos meios de comunicação.
Consultor Francisco Ferraz e o desembargador Nylson Paim de Abreu - Foto Laura Pascotin
A primeira alteração significativa foi aumentar o alcance da voz humana. O rádio surgiu como uma evolução da voz, superando as limitações geográficas. O próximo veículo foi a televisão, que revolucionou a política a partir dos anos 50. Ferraz vê o computador, o telefone e a TV como os três pilares da revolução da comunicação da política, sendo a TV muito mais significativa que os restantes, pois não mudou a política, mas sim o eleitor.
Em seguida, foram respondidas perguntas da plateia, a maioria referente ao uso de determinados recursos tecnológicos para propaganda eleitoral. Os convidados concordaram que a principal característica da internet é a interatividade. Citaram também a gratuidade do conteúdo e a enorme rede de possibilidades que ela oferece. Também deixaram claro que a internet é uma experiência em aberto, em evolução. Por isso, Ferraz apontou que ainda não é possível comparar o amadurecimento da TV com o da internet.
Cobertura ao vivo no Twiiter da Agex Foto: Arthur Tietze
Civa Silveira confirmou o uso de ferramentas tecnológicas pela imprensa, como um novo modo de buscar informações, dando o exemplo da desistência do pré candidato Beto Albuquerque, que foi noticiado via Twitter essa semana. A jornalista alertou que as informações obtidas por esses meios são como qualquer outra e, por isso, elas precisam ser checadas da mesma maneira. Esse é o princípio básico do jornalismo, já que toda notícia tem dois lados.
Outra questão dizia respeito ao impacto da internet na campanha eleitoral, em especial após a eleição de Barack Obama. Na opinião de Francisco Ferraz, Obama venceu por ser a melhor alternativa, o candidato melhor preparado, com domínio da comunicação. Ferraz acredita que a internet não teve grande influência nesse caso, pois Obama seria eleito de qualquer maneira, por seus próprios méritos.
Sobre o uso de sites interativos, como Formspring e Twitter, os três convidados têm dúvida sobre até que ponto os políticos usam pessoalmente essas ferramentas. Civa Silveira afirmou que, quando a pessoa tem um estilo já conhecido, não consegue fugir e pode ser identificada por ele. Isso pode comprometer um candidato.
Francisco Ferraz concordou, dizendo que entrar no Twitter é fácil, mas sair se torna muito difícil para um político. Os candidatos precisam interagir, pois se o eleitor não obtém resposta, o candidato afunda. O internauta tem necessidade de participação, por isso não aceita que um assessor atualize pelo político, ele se sente “enganado” quando isso acontece.
Civa deu o exemplo do candidato Luis Augusto Lara, que usa pessoalmente todas as ferramentas para interagir com o público. No entanto, no decorrer da campanha ele não terá mais tanto tempo pra isso, segundo a jornalista, o que pode frustrar os eleitores que o acompanham.
Por último, os palestrantes foram questionados sobre como lidar com a questão do Horário Eleitoral Gratuito na TV. Todos concordaram que o programa é necessário, apesar de seu formato equivocado, que em nada atrai o público. Os políticos deveriam se cercar de profissionais competentes, que preparam corretamente os programas e fazem bom uso de seu tempo. Francisco Ferraz lembrou que o público prefere debates, por terem um formato atraente, dinâmico. O certo não seria acabar com o Horário Eleitoral, e sim adaptá-lo, torná-lo mais atrativo, menos massacrante para quem assiste.
Auditório do prédio 14, lotado. Foto: Arthur Tietze
A Aula Magna foi encerrada com um esclarecimento sobre o uso de recursos digitais na propaganda política. O uso da internet, sites como Twitter, Formspring e blogs, já está liberado, desde que não haja propaganda, pedido de voto e nem prejudique a candidatura de outros. A propaganda propriamente dita estará liberada no dia 05 de julho, junto com o Horário Eleitoral na televisão.
Mais fotos você pode conferir no Flickr Agex Online.
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