Cibele Avendano
“Dizem que o bom texto segue padrões musicais. Tem ritmo, tem harmonia e sonoridade. Não perca tempo com a literatura. Muito menos com o jornalismo. Preocupe-se apenas com a melodia”. Com essas palavras Felipe Pena, precursor do jornalismo cultural no Brasil, destaca em seu livro Jornalismo Literário, como é fazer jornalismo literário.
Esta forma de jornalismo nasceu na década de 60, quando a revista The New Yorker dedicou toda a edição para publicar o que se tornaria uma das principais referências em jornalismo literário, o livro Hiroshima, de John Hersey. A obra conta, em detalhes, o episódio em que a bomba atômica atingiu a cidade japonesa em 1945, sob a visão de pessoas que sobreviveram ao ato de terror.
A arte de fazer jornalismo em forma literária vem do fato de contar histórias de uma forma diferente sob novos ângulos, e não apenas relatando o óbvio. Uma história se entrelaça na outra, cheia de detalhes, e faz com que o leitor sinta-se preso as palavras. Truman Capote foi um dos grandes escritores que souberam fazer uma simples pauta se transformar nos exemplares mais vendidos da revista americana The New Yorker. Ele descreve minuciosamente o assassinato de uma respeitada família do oeste do Kansas. Capote consegue noticiar de forma clara os acontecimentos, misturando realidade e ficção.
O novo jornalismo, como também é chamado, fez com que muitos perfis ficassem conhecidos, como é o caso de Frank Sinatra, que foi lembrado no livro Fama e Anonimato, de Gay Talese. Esse livro descreve tanto pessoas famosas quanto as que ficam anônimas vivendo nos grandes centros americanos. Talese tem um estilo todo especial de captar suas informações, guardando-as de uma forma nada convencional, apenas na memória. Ele e Capote não costumavam utilizar gravadores nem blocos e canetas, apenas ouviam as pessoas e armazenavam as informações que achavam necessárias. Acreditavam que, dessa forma, os depoimentos seriam naturais e os entrevistados não se sentiriam invadidos.
Acostumar-se com o jornalismo literário não é uma coisa fácil para aqueles que têm sede de informação. Muitos acabam não passando das primeiras páginas, mas a beleza da obra se traduz nos detalhes que ela conta. Não existe meio termo, ou se ama ou se odeia essa forma de contar histórias.
Se você tem interesse em conhecer o Jornalismo Literário a Editora Companhia das Letras possui uma coleção destinada aos amantes da literatura. A indicação vai principalmente para alunos de comunicação social. Visite o site: http://www.companhiadasletras.com.br/, faça uma busca por “jornalismo literário” e encontre uma vasta quantidade de títulos sobre o tema.
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