Se algum dia você já guardou recortes de revistas, fez um mural de fotos ou montou um álbum de adesivos ou papéis de carta, você já entendeu a dinâmica do Pinterest.
Parecem atividades primordialmente femininas? São mesmo, tanto que 80% da base de usuários da rede social que já despontou como a promessa de 2012 são mulheres, de acordo com a própria empresa.
O Pinterest é um mural para fotos online, vários murais, quantos cada pessoa quiser criar: receitas, peças que podem ser feitas em casa, ideias de design, roupas e acessórios, belas paisagens, penteados, fotos de ambientes incrivelmente bem decorados.
Em uma rede dominada por mulheres, esses são os temas mais recorrentes, que funciona assim: uma vez feito o login e instalado um plugin no navegador, cada vez que o usuário se deparar com uma imagem bonita ou interessante pela internet, basta “piná-la”, ou seja, salvá-la em um de seus murais. Tudo fica lá para consulta posterior.
O serviço também possui diversos aspectos sociais: todos os murais são obrigatoriamente públicos, pode-se criar quadros colaborativos (bons para planejar um evento em grupo, por exemplo), conta com uma boa integração com Facebook e Twitter e é possível seguir pessoas e assuntos.
No entanto, seu principal atrativo parece ser o caráter de “arquivo pessoal de inspirações e vontades”, David Pogue, colunista do New York Times, atribui parte do sucesso do site ao fato de ele dar um tempo naquilo que ele considera “as metas usuais das redes sociais: autoabsorção, autodocumentação e autopromoção”.
Semil Shah, consultor do Vale do Silício, elenca outros fatores para o sucesso do site: ênfase da imagem sobre o texto, visual clean e retrô, fácil usabilidade e, principalmente, o fato do Pinterest ter “aproveitado uma potencial mudança do comportamento de consumidor para um comportamento de compra”.
Segundo ele, a etapa final do processo de compra está bem servida com serviços como Google Shopping e Amazon, onde o consumidor digita o que ele quer comprar e encontra boas ofertas.
O que ainda está carente é “a parte de cima do funil” que resultará na compra de um produto específico, o momento em que o usuário ainda não sabe ao certo qual produto ele quer, ainda está buscando ideias e novidades.
Shah acredita que o Pinterest pode ajudar o consumidor nesse processo de escolha, pois mistura indicações sociais com imagens inspiradoras.
Para o consultor, o grande trunfo do site virá quando ele direcionar fotos de produtos para sites de e-commerce e conseguir lucrar com isso, monetizar seu banco de imagens.
Segundo Josh Davis, analista de mídias sociais, o Pinterest já está fazendo isso. Em um texto publicado em seu blog pessoal, que ganhou dimensão depois de ser comentado no New York Times, Davis diz que o site modifica os links de algumas imagens que já redirecionavam os usuários para sites de compras para poder ganhar uma comissão sobre a transação comercial.
Sem estratégia de negócios definida, o Pinterest diz apenas que gerar lucro não é prioridade no momento (o site foi criado e ainda é mantido com dinheiro de investidores externos) e que pode incluir publicidade em seu serviço no futuro.
Mas fica claro que o site já entendeu o potencial que tem de aliar o caráter de “mural de inspirações” ao de “catálogo de desejos”.
Fonte: Estadão
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