terça-feira, 22 de novembro de 2011

Tema inédito na Intercom 2012 sofre com pouca aceitação por parte do meio acadêmico


Mesmo tendo sido aprovado por unanimidade na Assembleia Geral dos Sócios da Intercom no último congresso realizado em Recife (PE) no mês de setembro, o tema do congresso de 2012 da entidade – “Esportes na Idade Media - diversão, informação e educação” – tem gerado certa resistência por parte do meio acadêmico. 

A enquete no site da Intercom indicava desaprovação na ordem de 40% na última semana. Nem a proximidade da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Brasil modificou uma visão tradicional - em 35 anos de história, é a primeira vez que o esporte é tema do encontro nacional da entidade. 

Para o coordenador do Grupo de Pesquisa de Comunicação e Esporte da Intercom, Marcio Guerra, a origem do preconceito está no surgimento do futebol e nas coberturas jornalísticas. No início do século passado, grandes intelectuais como Monteiro Lobato, Graciliano Ramos e José Lins do Rego discutiam se isso deveria ou não ser coberto. Desde então, as redações sempre tiveram um nariz meio torto para o esporte”, explica Marcio Guerra. 

Para Ary Rocco pesquisador e professor da USP e da FECAP, "a Academia não conseguiu dar ao futebol o valor que ele merece". O pesquisador, que fez seu doutorado na área, acredita que dois fatores geram a rejeição: na época da Ditadura Militar, o esporte, em especial o futebol, foi usado para apoiar o discurso, inclusive no exterior, de que o Brasil era um país que crescia e se desenvolvia. Atualmente, o fato de o esporte estar ligado ao entretenimento e ao mundo empresarial desagrada. Se existe um fenômeno cultural que retrata a miscigenação que construiu o povo brasileiro é o futebol. É um equívoco confundir uma discussão sobre história, cultura e sociedade. É um estudo sério”, afirma Rocco. 

Já o Diretor Administrativo da Intercom, José Carlos (Zeca) Marques, diz que "a enquete no site não é uma pesquisa feita com critérios científicos, mas apenas uma forma de saber o que pensam alguns dos internautas"No entanto, reafirma que há um enorme preconceito da Academia com tudo que diz respeito ao esporte e a relação do esporte com a Comunicação.

Nas universidades públicas, não há cadeiras sobre o tema nos cursos de comunicação social. Nas instituições particulares, mais voltadas para o mercado, essa discussão comparece, mas ainda de forma tímida”, avalia José Carlos. 

Para José Marques de Melo, presidente de honra da Intercom , há pesquisadores que preferem política e educação, e outros o esporte. “Uns gostam mais e outros menos. Tem quem não goste de política. Isso não inviabiliza, não é motivo para trocar. O tema de 2012 é muito importante tendo em vista os acontecimentos que virão: Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil”.

Nesse sentido, a Intercom acertou ao definir esse tema, que passará a fazer parte de uma agenda comum nos eventos de 2012. “O Brasil vai sediar dois megaeventos, e as áreas de comunicação (Jornal, RP, PP, Rádio) devem se preocupar e se estruturar para debater a questão de forma digna”, afirma Zeca Marques. 

Fonte: Intercom

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